O Projeto Coral Vivo divulgou o relatório de monitoramento de 2024 com um grave diagnóstico: os recifes de coral, considerados verdadeiros oásis de vida marinha, estão sob ameaça no Brasil.
O aumento da temperatura dos oceanos, impulsionado pelas mudanças climáticas, está causando o branqueamento em massa desses ecossistemas frágeis. O alerta consta no balanço anual do instituto.
Os recifes de coral do Brasil sofreram o seu segundo grande episódio de branqueamento. Devido à forte onda de calor associada ao El Niño, o fenômeno deste ano provocou intensa mortalidade na porção norte do Nordeste, em áreas como Maragogi/AL, Natal/RN e a capital baiana Salvador.
No Sul e Extremo Sul da Bahia, onde ocorrem os maiores e ricos recifes de coral do Brasil, felizmente a onda de calor foi menos intensa e duradoura, gerando uma mortalidade muito baixa.
No entanto, as duas espécies que mais sofreram mortalidade em 2019, durante o primeiro grande branqueamento, foram justamente as duas que mais morreram novamente em 2024: o coral-de-fogo (Millepora alcicornis) e o coral-vela (Mussismilia harttii). Este último é uma espécie ameaçada de extinção e encontrada exclusivamente em águas brasileiras.
Miguel Mies, oceanógrafo e pesquisador do Coral Vivo, reforça a necessidade de mais investimentos em pesquisa. “É extremamente importante para o planeta combater o branqueamento dos corais e o desafio dos pesquisadores do Instituto Coral Vivo é descobrir o que torna os recifes menos vulneráveis e mais resilientes”.
O pesquisador diz que “o aprofundamento destas investigações reforça nosso esforço por políticas públicas e áreas de conservação, tornando mais efetiva a proteção de todo o ecossistema coralíneo brasileiro, sobretudo no litoral Sul da Bahia”
“Setores da economia, como a pesca e o turismo, são diretamente afetados pela degradação dos recifes. A perda da biodiversidade marinha pode levar à escassez de alimentos e agravar a situação de comunidades que dependem da pesca para sua subsistência”, afirma Mies.
Recifes de coral
Os recifes de coral abrigam um quarto de toda vida marinha, fornecendo abrigo, alimento e áreas de reprodução para milhares de espécies. As formações do Brasil são as maiores de todo o Atlântico Sul e sua importância vai além da biodiversidade: os corais protegem as nossas praias da erosão, sustentam a pesca e o turismo, e contribuem para a economia de diversas comunidades costeiras.
As consequências do branqueamento dos corais são graves e envolvem a perda da biodiversidade e o desaparecimento de diversas espécies marinhas, desequilibrando os ecossistemas. Impactando fortemente também na economia e na cadeia produtiva da pesca e turismo.
Projeto Coral Vivo
O Projeto Coral Vivo é pioneiro nas pesquisas de reprodução de corais. Esses estudos se iniciaram em 1996, no Laboratório de Celenterologia do Museu Nacional/UFRJ. Através de estudos e do Programa Nacional de Monitoramento do Branqueamento, busca entender os mecanismos que levam ao branqueamento e desenvolver estratégias de conservação para esses ecossistemas.
Desde seus primeiros passos, o grupo tem se dedicado ao estudo aprofundado dos processos de estruturação e renovação das comunidades coralíneas brasileiras, com um foco especial na compreensão dos ciclos de vida dos corais - um conhecimento essencial para o desenvolvimento de estratégias eficazes de conservação e recuperação de recifes de coral degradados.
As investigações incluem os aspectos da reprodução dos corais, desde a formação e desenvolvimento dos gametas masculinos e femininos até o processo de fecundação. A pesquisa abrange, ainda, as fases de embriogênese (desenvolvimento dos embriões até a larva), o assentamento da larva e sua metamorfose em pólipo fundador).
O Coral Vivo trabalha em parceria com instituições, comunidades locais e governos para promover a conscientização e a adoção de práticas mais sustentáveis. Atua em uma área total de 2.649 Km², de Santa Catarina ao Ceará, compondo o maior programa contínuo de monitoramento de corais do mundo.
Os estudos sobre a reprodução sexuada dos corais brasileiros representam um avanço crucial para a conservação dos recifes. A compreensão desses processos é fundamental para aumentar a capacidade adaptativa e a resiliência das populações de corais, permitindo que se enfrentem desafios como extremos ambientais e doenças.
O Coral Vivo trabalha em parceria com 15 universidades e institutos de pesquisa. Integra a Rede BIOMAR, junto com os projetos Albatroz, Baleia Jubarte, Golfinho Rotador e Meros do Brasil. Faz parte também da Rede de Conservação das Águas da Guanabara e Entorno (REDAGUA),
É patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, e co-patrocinado pelo Arraial d’Ajuda Eco Parque.
Fonte e foto: Instituto Coral Vivo (Comunicação e Marketing) - Legenda: Coral mussismilia branqueada na Pitinga
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