Na sexta-feira, dia 30, a Vila Criativa, no distrito de Santo André, em Santa Cruz Cabrália realizou o seu tradicional Caruru Comunitário. O evento, que foi iniciado na quinta-feira, com a preparação dos alimentos, contou com atrações musicais, a partir das 18h. Claudinha, Isaac, Keila Marcello, Luna, Maristela e a dupla Maroon e Nay, na percussão dos Cânticos Sagrados durante a cerimônia, foram os responsáveis pela parte musical do evento, que reuniu dezenas de pessoas. Além disso, houve samba de roda e capoeira com o Professor Pinguim, o que animou ainda mais a festa e os convidados.
De acordo com a gestora da Vila Criativa, Mirian Silva, este é o terceiro ano, que o local recebe a Festa, mas que desde 1991 participa do Caruru Comunitário.
"Antes a festa era realizada no Restaurante Porto das Canoas e mesmo com a mudança de local, as famílias tradicionais da Vila continuam a realizar o evento, que conta com a participação e ajuda de todos. São homens e mulheres que se mobilizam para fazer a festa: enquanto uns fazem o caruru, outros fazem o vatapá, o xinxin de galinha e outros ainda cortam os temperos ou ajudam financeiramente. Eu ajudo, oferecendo o espaço e apoio com a mobilização e atividades culturais", explica.
Caruru
O caruru é uma típica comida de origem africana, um símbolo dessa culinária tão rica que se concentra, principalmente, no estado da Bahia. Com uma mistura de sabores marcantes como os do dendê, do amendoim e do camarão seco, ele é muito mais do que um simples refogado de quiabo.
E para celebrar o dia dos Ibejis (confira o mito sobre o caruru abaixo), sincretizados com São Cosme e Damião, dos católicos, são homenageados com o caruru, tradição muito difundida na Bahia - e diferente de outros estados que rendem devoção aos santos, com balas, doces e brinquedos – servidos aos familiares, amigos e até desconhecidos que, por ventura, se façam presentes no festejo. Como toda comida de santo, o caruru tem o intuito de partilhar, com fartura e por meio da fé, a prosperidade, saúde e bonança entre os presentes.
Conheça o Mito do Caruru
Conforme descrito no livro ‘Cozinhando História: receitas, histórias e mitos de pratos afro-brasileiros’, atraído pelo cheiro do amalá – comida servida ao rei Xangô, Exu entrava em seu palácio, diariamente, para devorar toda a refeição do rei. Cansado do atrevimento de Exu, Xangô contou com a ajuda dos seus dois filhos gêmeos, os Ibejis, para armar-lhe uma cilada. Um dos gêmeos, então, fez um trato com Exu. Iria tocar o batá, instrumento percussivo do candomblé, para que o orixá dançasse sem parar.
Certo de que era o rei da dança, Exu topou, mas não sabia que ali se encontravam dois meninos iguais que, com esperteza e agilidade, revezavam o instrumento e o fizeram cair em exaustão. Diante da derrota, Exu prometeu que não mais roubaria a comida de Xangô. Agora seria ele sempre o primeiro a ser servido com um pratinho separado do lado de fora do palácio. Já os Ibejis, como recompensa, pediram ao pai que, quando tivesse amalá, ele os reservasse uma parte sem pimenta. Assim nasceu o caruru.
Foto: Arquivo Pessoal
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