Festival Caju de Leitores tem imersão na cultura indígena pataxó

A Oca Tururim, na Aldeia Xandó em Barra Velha, recebeu uma dezena de autores indígenas e um público atento para o 2º Festival Caju de Leitores, de 04 a 07/09. A programação diversificada propôs uma imersão na cultura indígena, em especial a pataxó. Teve rodas de conversas, contação de histórias, danças, grafismos e ilustrações e muita troca de conhecimentos.

De acordo com a curadora Joanna Savaglia, “a escolha da localidade e do tema - literatura indígena, para o Festival, se deu pelo fato da população local ser, em grande parte, oriunda da miscigenação com a etnia indígena Pataxó e está em processo de resgate e transmissão da sua cultura”. Sairi Pataxó é o anfitrião do evento e Trudruá Dorrico participa também da curadoria. O nativo e morador da Aldeia Xandó é autor do livro ‘Boitatá e Outros Casos de Índio’.

Joanna tem uma longa história de amor pelo vilarejo, iniciada em 1993. A produtora é conhecida no meio literário, por suas participações nas Feira Literária de Paraty, de 2011 a 2016.; e na Festa Literária das Periferias, desde sua primeira edição, há 12 anos. Joanna e Sairi criaram o Festival como forma de mostrar como a literatura pode ajudar na educação dos jovens.

Unidos a eles, está Trudruá Dorrico. Poeta, escritora, palestrante, curadora e pesquisadora de literatura indígena, Trudruá é doutora em Teoria da Literatura pela PUCRS, mestre em Estudos Literários e licenciada em Letras Português pela UNIR. A autora de “Eu Sou Macuxi e Outras Histórias” atua na difusão das culturas indígenas brasileiras.

A escritora Trudruá Dorrico é mestre em Estudos Literários e doutora em Teoria da Literatura

Memória registrada

Uma das rodas de conversa mais prestigiada foi a homenagem a Valdemy Sisnande, escritor de “A Saga de Caraíva” e “Memórias de Caraíva”. Participaram os moradores nativos seu Lomanto; e Edite e Edilza, filhas do primeiro telegrafista local. Valdemy falou sobre suas obras e sobre a concepção de ‘Memórias’, que teve o conteúdo todo ilustrado por ele. Entre a ideia e a publicação do livro se passaram 3 anos.

“A maior dificuldade para escrever o livro foram as pesquisas, que não se resumiram apenas aos relatos de moradores daqui, mas também a registros históricos adquiridos em documentos em Porto Seguro. O fato mais marcante inserido na publicação foi a Revolução da Piaçava. Meu avô me contava esta história. Era emocionante”, revelou Valdemy, que está na produção de seu próximo livro: um romance.

Outra participação importante, entre tantas, foi a Rede Oxe de Bibliotecas Comunitárias da Bahia. Os representantes falaram sobre a entidade que tem representante em Caraíva: Valéria Cardoso.

“Sou uma das pessoas que compõe a Associação da Biblioteca de Caraíva, sediando temporariamente a Escola Municipal da vila. Nossa função é fazer dos livros um movimento de ocupação. Com isso, e com a demanda de alunos da Aldeia Xandó, entendeu-se que era preciso ter literatura afro e indígena. A entrada da biblioteca para Rede Oxe nos trouxe mais livros e também a oportunidade de conhecer e participar dos editais”, contou.

O Festival realiza, como em 2022, uma ação conjunta com o Coletivo Caraíva Sem Assédio para a arrecadação de absorventes, durante os dias do evento, que serão destinados à Aldeia Barra Velha. A iniciativa tem como intuito combater a pobreza menstrual. O Caju de Leitores tem patrocínio do Instituto Cultural Vale e da MMB Metals, com incentivo da Lei Rouanet; e do Ministério da Cultura.


Com informações e fotos de Débora do Carmo - assessoria de imprensa

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