Festival de Cinema reafirma importância cultural e econômica para Trancoso

O Festival de Cinema de Trancoso concluiu sua quinta edição mostrando ser extremamente necessário para a sociedade local. E foi trazendo “Novas Referências” que a edição desse ano conduziu sua narrativa em meio a uma programação diversa, conectada de forma muito harmônica.

Trancoso foi sacudida entre os dias 13 e 17 de setembro com filmes e diretores de diversas partes do Brasil. O distrito foi tomada por uma onda de cultura e entretenimento onde pôde se respirar em cada esquina cada quadro por segundo dos filmes que eram exibidos na tela grande. Esse respiro também trouxe temas importantes para a sociedade.

O meio ambiente foi um tema bastante recorrente. Muitos filmes selecionados abordaram a questão e as mesas redondas foram de suma importância para que os presentes pudessem também debater e dialogar com os realizadores sobre o que vêm acontecendo com nosso mundo.

A abertura no Teatro L’Occitane contou com a apresentação luxuosa de Ligia Mendes, que também foi uma das homenageadas da noite, e Alexandre Gobbo. Estavam presentes Jânio Natal, o prefeito da cidade de Porto Seguro, Thiago Lacerda, lançando mundialmente seu filme “Além de Nós”, Lázaro Ramos, que exibiu “Medida Provisória” no segundo dia, o primeiro longa-metragem dirigido por ele, e os homenageados internacionais Ruby O. Fee, atriz da Costa Rica que já morou em Trancoso, e Kevin Mc Guire, que também promoveu uma palestra para atores da região durante o Festival.

O segundo dia aconteceu na escola Honorina Passos, onde muitas crianças e adolescentes se reuniram para assistir às obras. A partir dessa proximidade, os jovens receberam novas referências sobre os assuntos. Os alunos se mostravam realmente interessados e entusiasmados. Quando terminaram as sessões, se via rodas de jovens ocupando a área externa e dialogando sobre temas ambientais.

Ocupação de espaços

A ocupação de espaços continua como marca registrada do Festival de Cinema de Trancoso. A cada dia era uma surpresa diferente. Desde o L´Occitane, do colégio com os alunos, seguindo para o Da Graça Hotel, Teatro Trancoso, Vila Rudá e a cereja do bolo, que foi conferir os filmes sendo projetados na Igreja do Quadrado. Isso faz com que a plateia curta não só o festival, mas também o distrito histórico e aquecendo o comércio local.

As projeções na Igreja São João Batista, no Quadrado, tiveram seu charme especial. Com o exuberante mar do Extremo Sul da Bahia ao fundo, os espectadores puderam assistir, à luz das estrelas, à estreia mundial do novo filme do Thiago Lacerda, “Além de Nós”, com a direção de Rogério Rodrigues. A experiência proporcionada pelo local e a energia que emana no ambiente fez com que os presentes sentissem novas sensações e emoções.

A criançada teve seu momento cinema também. O filme “O Fantasminha Pluft” foi exibido no Teatro Trancoso, incluindo também apresentações teatrais e bate-papos sobre cinema. A proposta de trazer filmes voltados para crianças se mostra muito promissora dentro do Festival, pois os pequenos têm, atualmente, acesso a uma ampla variedade de conteúdo nas palmas de suas mãos. A diferença do festival é que o conteúdo é trazido junto com um bate-, fazendo-as apreciar as obras de uma forma melhor e mais crítica.

Crítica foi o que não faltou nos filmes e curtas exibidos durante esses dias. Lázaro Ramos, que esteve presente durante o evento, apresentou seu primeiro filme “Medida Provisória”, que vêm recebendo excelentes análises e já tem um lugar garantido no hall dos melhores filmes nacionais de todos os tempos. O auditório do Da Graça Hotel riu, se emocionou e se transformou em um centro de debate ao final de cada filme. A curadoria teve um papel importante em selecionar e separar os filmes durante os dias do evento. Havia uma conexão que foi fundamental para que o envolvimento se tornasse mais forte a cada exibição.

Diretora agradece

A diretora do Festival, Flávia Barbalho, falou na abertura sobre as desafios e alegrias de fazer um Festival dessa magnitude. Há cinco anos, desde que começou, vem ganhando notoriedade e respeito, fazendo com o que Trancoso se torne um polo de audiovisual nacional. O evento contou esse ano com o suporte dos empresários de Trancoso e o patrocínio da Prefeitura Municipal de Porto Seguro e da Farmácia Indiana.

“Esses patrocínios foram fundamentais para que essa enorme engrenagem pudesse funcionar”, diz Flávia. “A comunidade está envolvida no processo e o comercio local só tem a ganhar com o público que vem visitar e conhecer o projeto. Trancoso nesses últimos dias estava com uma ocupação maior que o de costume, para essa época, e isso impacta de forma positiva na economia local”, diz.

O Festival Gastronômico, que está em sua segunda edição, acontece paralelo ao evento e vai até o dia 30 de setembro. É uma diversão à parte ver nos cardápios, pratos inspirados em filmes, diretores ou personagens. A cada ano mais restaurantes da região vêm se juntando ao festival, em que o intuito não é a competição, mas a integração do público com o cinema, a cultura e culinária regional como forma de multiplicação das tradições de Trancoso.

“Agradeço demais a toda minha equipe, sem eles eu jamais estaria aqui. Profissionais renomados e de diversas partes do Brasil que trabalharam incansavelmente para que tudo desse certo. Esse empenho está fazendo com que o Festival se destaque e fique maior a cada edição”, reconhece Flávia. Que exalta a importância da participação da comunidade. “Nosso Festival é inclusivo, mobiliza toda a cadeia cinematográfica do Brasil e a comunidade local, ressaltando valores e talentos nativos. Realizamos workshops de audiovisual com a população local, onde profissionais da área dão aulas gratuitas. Ao final de cada processo é realizado um filme”.

Em 2021 foi lançado o filme “Os Construtores”, produzido e filmado no distrito, com mais de cinquenta pessoas no elenco em um plano sequência. Hoje, vem sendo premiado em festivais dentro e fora do país e recentemente foi selecionado para o Festival de Cinema de Nova York. É a importância de não só exibir filmes, mas instrumentalizar a população local para que produzam seus próprios olhares. Que já está trazendo frutos.


Dan Hudson (estagiário sob supervisão de Hilda Rodrigues) - Fotos: Marcelo Delfino

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