Guias de turismo voltam ao trabalho, mas ainda com dificuldades

Daniel Isidoro, presidente do sindicato do Extremo Sul

Hotéis em Porto Seguro estiveram lotados no Réveillon, mesmo com todas as restrições de realização de festas ou eventos mais movimentados, devido à pandemia do Covid-19. Mas nem tudo no segmento do turismo voltou a todo vapor. Pelo menos, é o que afirma o presidente fundador do Signtur (Sindicato de Guias de Turismo do Extremo Sul da Bahia), Daniel Isidoro da Silva.

Segundo Daniel, de um total de 280 guias, há “cerca de 80 trabalhando, uns 120 parados e outros que mudaram de profissão ou foram embora”. Alguns não receberam o auxílio emergencial devido às suas declarações de imposto de renda do ano anterior. E, segundo conta, sem qualquer forma de ajuda, o presidente do sindicato teve que recorrer às cestas básicas para atender algumas famílias.

As restrições impostas pela pandemia trouxeram desemprego e um grande desafio no retorno às atividades. Ele explica que os guias de turismo autônomos dependem de grupos rodoviários de viagem, dos ônibus que visitam a cidade. “Mas, infelizmente no Brasil esses grupos diminuíram muito com a pandemia. Na semana do Réveillon 2019 para 2020, por exemplo, tinha cerca de 200 ônibus. Nesse ano não chegou a 20. Muitas pessoas optaram por vir de carro. Também porque as passagens de avião estavam muito caras”, lamenta.

Novos desafios

Sobre os novos desafios da profissão, que lida diariamente com pessoas vindas de outros lugares do Brasil e do mundo, o presidente do sindicato diz que tem presenciado cenas em que os guias estão muito expostos: “os turistas não cumprem os protocolos de segurança sanitária - espaçamento, distanciamento, os protocolos de higiene. Na verdade, vejo poucos no município que cumprem os protocolos”.

Para trabalhar, ele afirma que não teve nenhum protocolo oficial do município nem do governo federal para a categoria. “O que nós fazemos é ter o distanciamento do turista”. Guias autônomos compram o álcool e as próprias máscaras e os guias das agências recebem dos empregadores. “Ficamos muito expostos, porque se vai num hotel encosta no balcão, e na barraca de praia, numa mesa que não é higienizada quando sai um cliente. A gente pediu vários protocolos, mas não adianta eu impor um protocolo para uma agência de turismo se ela tem o dela. Vejo veículos com 100% de lotação, por exemplo, assim como nos hotéis”, observa Daniel.

Além de tudo, afirma o presidente do sindicato, há “o problema da liminar contra a prefeitura que impede o guia de turismo de trabalhar nas vans de turismo”. Daniel relata que somente os receptivos fazem todos os passeios com guias. E que, em média, saem diariamente 30 vans sem guias de turismo. “Temos que recorrer. Com essa liminar, não podemos trabalhar nas vans. Enquanto isso não for resolvido, ficam motoristas e vendedores de passeio fazendo o trabalho de guia de turismo. Isso é exercício ilegal da profissão, dá multa e até cadeia. Estão tirando o direito de trabalhar de pais de família há quatro anos. Espero que agora a nova gestão consiga resolver essa situação e fiscalizar também”.