Desperdício de alimentos e a fome

Publicado na ed. 412 do Jornal do Sol

Este tema sempre faz parte dos debates de diversos setores da sociedade e em especial para as pessoas que, de uma maneira ou de outra, têm como profissão o alimento como matéria-prima. A questão do desperdício de alimentos é um problema antigo e aumenta consideravelmente a cada ano. Devido à falta de conscientização para este problema a tendência é sempre piorar.

Atualmente, dois bilhões de toneladas são desperdiçadas, ou seja, metade de toda a comida produzida no mundo tem o lixo como o destino.  Ao mesmo tempo em que tantos alimentos são desperdiçados, temos também o desperdício de água, terras cultiváveis, insumos agrícolas, tempo de trabalho e qualquer outra coisa usada na produção dos mesmos. A partir do momento em que tantos recursos estão sendo desperdiçados, o produtor também estará perdendo muito dinheiro.

Após analisar essa situação atual do desperdício de alimentos, nos deparamos com um problema gravíssimo: a questão da fome do mundo. Enquanto se jogam fora dois bilhões de toneladas de alimentos no lixo, um bilhão de pessoas passam fome. Temos, ao mesmo tempo, muita comida indo para o lixo e muitas pessoas famintas, comprovando que além de absolutamente tudo estar errado, é preciso fazer algo urgentemente. A cada um minuto, cinco crianças morrem de desnutrição, e esses dados servem para refletirmos.

Existe uma série de maneiras em que se desperdiçam alimentos, e isso é desde o trabalho no campo, até o destino final, que são os consumidores. A maior parte do desperdício é durante o transporte e manuseio inadequados. Condições erradas de armazenamento e adoção de prazos de validade rigorosos também fazem parte disso. O consumidor também possui a sua parcela de culpa, principalmente pela preferência de produtos com formatos e cores especificas, e no desperdício no dia-a-dia em casa.

A situação do desperdício está completamente descontrolada, tendo em vista que países ricos desprezam quase a mesma quantidade de comida produzida em toda a África subsaariana. É normal, em nossas vidas corridas e cheias de compromissos, esquecermo-nos desse detalhe, mas é mais do que preciso virar os olhos pra isso e começar a fazer algo.

Seja no transporte, no manuseio, no abastecimento, no armazenamento inadequado, ou no simples desperdício das pessoas, precisamos mudar em nome de tantas outras que passam fome diariamente e morrem por causa da desnutrição.

Os dados são da ONU e da BBC.

Saúde a todos!


Maria Luiza dos S. Cardoso é nutricionista especialista em obesidade e emagrecimento