Editorial edição 428

Publicado na edição 428 do Jornal do Sol 

As notícias sobre a chegada das primeiras doses da vacina contra o Coronavírus vieram trazendo novo ânimo, para muitos mais que isso, uma empolgação diante da esperança de vitória no combate contra esse maldito vírus, que há um ano vem atormentando a vida das pessoas pelo planeta. Como em se tratando de Covid-19 tudo é novidade, e nem todo o enredo sai conforme o script, novas pedras surgem pelo caminho.

A começar pelo novo fantasma, a tal variante, que embaralha as expectativas, gerando mais insegurança nas pessoas. Agora fala-se em contaminação e agravamento da doença em jovens e crianças, incertezas sobre a eficácia das vacinas disponíveis, enfim, mais ansiedade, mais distanciamento da tal luz no fim do túnel. Descontados os exageros, alarmes falsos e fake news, o fato é que o estado de vigília permanece.

E as polêmicas também, geradas, sobretudo, pelos arroubos políticos, interesses econômicos, convicções ideológicas e crenças religiosas. Argumentando sua intenção de frear os índices galopantes de crescimento dos casos de Covid e a deficiência de leitos de UTI para atender a crescente demanda, o governador Rui Costa decretou toque de recolher em praticamente todo o Estado da Bahia, com recomendação de lockdown aos prefeitos, para que autorizem o funcionamento apenas dos serviços essenciais. O toque de recolher vale para todos os cidadãos, que ficam proibidos de saírem de casa da meia noite às 5 horas da manhã.

Nova chuva de aplausos e protestos. É impressionante, como um mesmo fato pode gerar opiniões tão discrepantes. Para o prefeito Jânio Natal, em relação a Porto Seguro, “é um exagero”, pois a cidade tem características bastante peculiares. Na avaliação de muitos, a decisão do governador veio tardia, deveria ter sido decretada há mais tempo, antes dos feriados de Réveillon e Carnaval. Para outros, é um verdadeiro absurdo, que provoca estragos na economia, interfere nas liberdades individuais e tira o emprego de pais de família. “A Covid não se transmite apenas na madrugada”, argumentam.

Dorme com um barulho desses! E quem arrisca a fazer previsões sobre uma pandemia que acreditava-se, duraria dois meses, depois quatro, seis, vá lá, acabaria de vez no Natal. E cá estamos nós, perdidos no paraíso, sem data para nos reencontrar. Em um cenário onde vidas continuam sendo perdidas, prevenção, responsabilidade e cuidado consigo mesmo e com o próximo continuam sendo as palavras de ordem do momento.