Após determinação do juiz da Vara Cível de Porto Seguro, Fernando Paropat, no dia 15/09 deverá ser cumprido o mandado de reintegração de posse de uma área de cerca de 800 hectares pertencentes à fazenda Itaquena, localizada em Trancoso, próximo ao trevo para Caraíva. A invasão foi iniciada em 30/06, quando cerca de 500 pessoas se instalaram no local, reconhecido como de preservação permanente.
De acordo com a determinação da Justiça, o cumprimento do mandado deverá ser feito “a qualquer dia e horário’, autorizando ainda “que todas as construções erguidas pelos invasores sejam desfeitas”. Pela primeira vez, o proprietário da fazenda, o empresário e economista Moacyr Andrade, falou ao Jornal do Sol sobre o assunto.
Segundo ele, a invasão começou há cerca de 90 dias, estimulada por um boato de que “aquelas eram terras devolutas, e que poderiam fazer ali um assentamento para pessoas que estavam precisando de terra”. O empresário lembra que aquela região, na entrada de Trancoso para Caraíva, além de muito valorizada, “é um corredor ecológico da Mata Atlântica, preservado pela APA Caraíva- Trancoso, além de tombada e registrada em cartório como área de preservação permanente e patrimônio mundial, pela Unesco”.
Moacyr Andrade acrescenta que, em 2012, quando houve uma ameaça de invasão, o Incra fez um estudo de toda a propriedade, com georreferencimento, classificando a área como “produtiva e não suscetível a desapropriação para fins de reforma agrária ou assentamento”. Ele afirma que conta com o apoio da Justiça, Prefeitura, Governo do Estado e da polícia, para ajudar a conter a invasão. “Nós estamos tendo 100% de apoio de todos os órgãos de preservação da Mata Atlântica, Ibama, CRA, e também da comunidade de Trancoso. Foi de muito bom tom a Justiça reconhecer a nossa propriedade, examinando todos os documentos”.
De acordo com o empresário os ocupantes fizeram várias trilhas dentro da Mata Atlântica. “Todo ano aqui, no Verão, a mata pega fogo. Se tiver madeira cortada, nós vamos ter o maior incêndio de Trancoso, em uma área de preservação permanente que nós preservamos durante tantos anos. Vamos deixar matar os bichos e todas as espécies da Mata Atlântica, que eu preservei durante mais de 40 anos?”, questiona.
Ele informa ainda que foi realizada uma reunião com os invasores, onde eles assinaram um termo de acordo amigável, para sair todo mundo. “Então esperamos que no dia 15 todos saiam e a área fique preservada para sempre, para nossos filhos e netos”.
Fotos: arquivo pessoal
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