Secretária diz que fechar comércio e serviços não acaba com a Covid

A Secretaria de Saúde de Porto Seguro, Raíssa Soares, afirmou que fechar atividades comerciais e serviços não resolve o problema de novas ocorrências de Covid-19 no município. Em vídeo gravado em 26/02/21, em frente ao prédio da Secretaria de Saúde, e na presença de representantes de segmentos contrários ao toque de recolher determinado pelo decreto Nº 20.254 do Governo do Estado, a secretária afirmou que os tratamentos preventivo e precoce é que estão mostrando eficácia contra a disseminação da doença.

Raíssa disse que o município não foi abordado pelo Estado sobre a situação local: “ninguém perguntou pra a gente, qual é o nosso índice de doença. Nós temos, sim, casos que estão crescendo no município, mas não estamos em colapso. Não existe colapso em Porto Seguro, temos 97,7 % de recuperados porque nós fazemos abordagem preventiva, ou seja, as pessoas que estão vulneráveis estão usando ivermectina, zinco e vitamina D”, afirmou.

Segundo a médica, em reunião com empresários da rede hoteleira dia 25/02, foi informada de que os hotéis, com mais de 200 funcionários ficaram com o mês de janeiro inteiro, cheio de clientes. “Teve um paciente doente e mesmo assim porque a família de um adoeceu. Mas ele teve uma doença leve”. A médica e secretária de Saúde afirmou que os funcionários dos hotéis estão lidando com turistas o tempo inteiro e ninguém adoeceu. “A abordagem preventiva funciona”, afirmou, citando também o tratamento precoce nos Centros Covid em Caraíva, no Edson Martins, no Frei Calixto (UPA 24h), e no Centro.

Ela disse que na UPA, “o máximo que teve de lotação foi de oito pacientes na semana passada”. E questionou: “Nós não temos colapso. Por que Porto Seguro tem que ser fechado, bloqueado?”. Dra. Raíssa disse ainda que entende que quando o Estado está fazendo isto, ele está olhando o número de pacientes aguardando leitos de UTI. “Tem, sim. No Estado, Salvador é a quinta cidade do Brasil em que mais morre gente. Não é Porto Seguro. Os leitos foram fechados. E agora precisa de leitos e está achando que fechar todo mundo, comércio e hotel, isso vai mudar a doença”.

Por fim, a médica foi enfática ao afirmar que: “O que muda a doença Covid é fazer a abordagem preventiva, o tratamento precoce. As pessoas tratam e não vão ser entubadas. Não é fechar a cidade, e a cidade quebrar”. No entanto, após toda as afirmações, a secretária de Saúde informou que “o prefeito está com uma multa ... se não cumprir o decreto”. E voltou a dizer: “A cidade de Porto Seguro não precisa ser fechada. Nós podemos continuar funcionando”.

De acordo com o comerciante Kevin Firrim, o verão de 2021 em Porto Seguro, comparado aos anteriores "não foi bom". Mas, dentro da atual conjuntura, "as pessoas estavam dando graças a Deus pelo que estava tendo. E Porto Seguro estava numa crescente. O mês de março estava prometendo. A gente estava com 60 a 70% de ocupação para o período". Com a informação do toque de recolher, "o cancelamento está em massa", afirmou. Sobre os leitos de UTI, o empresário diz que era para "ele [o Governo do Estado] ter se preparado, tirado, em cidades estratégicas, uma quantidade de leitos, mas se subir, estar de pronto-atendimento para retorná-los de novo, mesmo que apenas uma parte". O empresário considera o lockdown "uma medida mesquinha".

Em comunicado oficial, o prefeito Jânio Natal informou que, "independente de sua posição pessoal, está obrigado a acatar o Decreto do Governador Rui Costa, que determina a suspensão de todas as atividades não essenciais, das 17 h de 26/02 às 05 h de 01/03/2021, em todos os municípios da Bahia, inclusive Porto Seguro". E que "esta obrigação decorre de decisão proferida pelo Tribunal de Justiça da Bahia, em Petição Cível de número 8037069-17.2020.8.05.0000, em 25/12/20, que imputa a Jânio uma multa pessoal de R$300.000,00, caso desobedeça a decreto do Governo do Estado. O prefeito afirma que "a prefeitura continua envolvida na preservação da vida dos cidadãos, mas não pode esquecer que 95% da cidade e da população sobrevivem do turismo e do comércio".