Fernanda Bombom: conheça a dançarina dentro e fora dos palcos

Já parou para imaginar como é o dia a dia de um dançarino nas famosas barracas de Porto Seguro? O Jornal do Sol promoveu um bate-papo com a dançarina Fernanda Bombom, que atualmente já conta com mais de 35 mil seguidores no Instagram, e descobriu detalhes e segredos dos bastidores do que acontece fora e dentro dos palcos.

Quem visita as barracas de praia Tôa Tôa e Axé Moi se depara todos os dias com muita música, animação e é claro os dançarinos, que são os grandes protagonistas desse show. Quem está no palco foi selecionado rigorosamente e todos os dias são recebidos de diversas partes do Brasil vídeos e currículos almejando uma vaga no grupo.

Fernanda Bombom conta que estava a passeio na cidade quando a chamaram para dançar no palco, sua desenvoltura chamou atenção dos realizadores e ela entrou em um processo seletivo para dançar 15 dias ininterruptos até que conseguisse a vaga. Para aumentar o desafio, as coreografias precisavam ser aprendidas no palco. “Você tem que subir na cara e na coragem, sem saber passo nenhum. Porque eles querem saber se você tem facilidade de pegar as coreografias facilmente”, diz Fernanda.

Passado o desafio dos 15 dias ela finalmente conseguiu a vaga. Assim como a maioria dos dançarinos, Bombom também é de outro estado, largou tudo no Espírito Santo e veio para Porto Seguro seguir seu sonho. Todo dançarino oficial dessas barracas se torna um funcionário com carteira assinada gozando de todos os direitos de um trabalhador, como férias, décimo terceiro e horas extras. Ainda existem os valores de shows e eventos que são recebidos por fora, como quando acontecem os luais à noite, e isso gera um aumento considerável nos valores que recebem.

Os desafios do dançarino não param depois que se consegue a tão concorrida vaga. Para garantir a permanência no grupo é preciso disciplina e dedicação diária, principalmente com o corpo. “A gente tem que se cuidar, para a nossa saúde principalmente, aqui exige muito do nosso corpo”. Bombom conta que diariamente já se perde bastante calorias por estar sempre em movimento, mas para ela a alimentação balanceada é essencial para que o corpo se conserve nos padrões exigidos e os coordenadores pegam bastante no pé para que o shape se mantenha. O público não fica de fora no quesito cobrança, uma vez que, as pessoas querem ver os corpos sarados no palco.

Troca de energias

O público é outro grande protagonista das barracas de Porto Seguro. A troca de energias entre dançarinos e plateia é muito importante para fazer esse grande show funcionar, mas os dançarinos acabam recebendo também muitas propostas e paqueras. Fernanda Bombom diz que existem propostas mais ousadas, mas que os dançarinos costumam ser bastante profissionais e éticos ao recusar. Pontua ainda que o assédio feminino é muito maior com os dançarinos homens.

“Nós somos muito unidos”. Bombom largou um sorriso de ponta a ponta quando se referiu aos seus colegas. Por estarem longe da família, dos seus costumes e de suas casas, os dançarinos acabam se apegando uns aos outros no dia a dia e formando uma irmandade. “Como irmãos é claro que rolam brigas, mas tratamos de resolver rapidamente porque o show tem que continuar”, dispara, aos risos. Uma das curiosidades era saber se entre os grupos de dança do Tôa Tôa e Axé Moi havia alguma rivalidade, mas ela garantiu que não e que todos se encontram nos momentos de folga para aproveitarem a cidade juntos e se divertir.

Cada pessoa que está naquele palco dançando tem uma história e muitos renunciaram a muitas coisas para estarem vivendo um sonho. Fernanda Bombom conta que deixou sua filha com a mãe por um tempo até a pandemia acalmar e trazê-la futuramente. A saudade de seus familiares e amigos traz outras sensações quando se sobe no Palco. “Quando eu estou pra baixo e subo no palco e vejo aquela energia do público, aquilo me faz continuar.”

Muitas pessoas todos os dias mandam vídeos e fotos querendo uma chance de se juntar a essa equipe e Bombom tem um recado. “Para quem gosta, para quem ama é gratificante. Só faz isso daqui quem ama. Por que renunciar à sua família, abrir mão dos seus amigos não é para qualquer um. Tem tempo que você está bem, tem tempo que não está. Mas para quem tem um sonho, para quem quer viver disso, não desista. É difícil ... mas é bom”.


Dan Hudson (estagiário - sob supervisão de Hilda Rodrigues)

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