As artesãs da Costa do Descobrimento vão aprender a construir seus plano de negócios e receber
orientações sobre marketing, finanças, serviços e divulgação de sua marca
O Instituto Mãe Terra e o Instituto Sociocultural Brasil Chama África, em parceria com o Sebrae, estão promovendo formação profissional para o desenvolvimento de plano de negócio junto a mulheres empreendedoras da Costa do Descobrimento. A iniciativa prevê 16 encontros semanais entre março e agosto, na sede do Projeto Vila Criativa, em Santo André, distrito de Santa Cruz Cabrália, para orientar e capacitar mulheres na definição das estratégias de seus negócios, desde o produto até sua comercialização.
De acordo com Gisele Porto, coordenadora do Núcleo de Promoção de Economia Solidária, o objetivo é dar visibilidade à importância que as mulheres têm nos papéis que elas desempenham diante das iniciativas comerciais em geral. “Atendemos 20 empreendimentos em 2019/20, distribuídos nos oito municípios da costa, num processo de capacitação, orientação, desenvolvimento de produtos, certificação e pesquisa de mercado; e nesse percurso, a gente percebeu a força das mulheres nas comunidades agrárias, que eram a maioria; bem como nas associações, cooperativas, com o papel de agregar pessoas, acolher, dar suporte e como uma empreendedora, no sentido de ousadia da mudança, da pesquisa”, diz.
Segundo a coordenadora, “quando as mulheres empreendem com seus maridos e familiares, acabam ficando em segundo plano e não têm acesso à renda que elas próprias produzem”. A escolha por mulheres de iniciativa foi, conforme diz Gisele, para fortalecê-las. Dentre as comunidades representadas estão assentamentos de Eunápolis, costureiras de Itapebi e artesãs em Porto Seguro. Gisele afirma que o projeto conta com parceria do Sebrae, já que o objetivo é desenvolver planos de negócios em cinco empreendimentos de mulheres nestas comunidades.
Os 16 encontros são participativos e propõem orientação e capacitação no campo operacional, financeiro, marketing e tudo mais que envolve lançamento de produto. “Vamos fazer visitas a negócios solidários bem sucedidos, pesquisa dos produtos que vão se prospectar e, no final, uma rodada de negócios com potenciais compradores”, informa a coordenadora.
Os resultados esperados são a valorização dos produtos que existem na costa, a identidade local, a diversidade desconhecida pelo turista e até mesmo pelo morador. “As pessoas não sabem que a gente tem comunidades marisqueiras incríveis, assentamentos com mulheres que conhecem a tradição da mandioca e querem inovar, veganos, agroecológicos, com bagagem adquirida na experiência, conscientes”. Para identificação do trabalho, já foi criado até um selo: “Mulheres da Costa”. A ideia é que “independentemente dos produtos individuais ou comunitários, as mulheres que tenham coisas muito bacanas para vender, possam se agregar a esse movimento de valorização da mulher de nosso território”, diz Gisele. O Instituto Mãe Terra está colocando no ar uma plataforma sobre economia solidária, onde serão divulgados os novos empreendimentos.
De acordo com Mirian Silva, o Instituto Sociocultural Brasil Chama África, parceiro no projeto, que sempre lutou pela política de economia solidária e, enquanto entidade que valoriza o fazer do artesão, não pôde ficar de fora. “Eu sempre acreditei na força das mulheres como potências. Principalmente na área do artesanato. Com as feiras que construímos em Cabrália e Santo André, emociona ver o brilho nos olhos dessas mulheres que fazem com as mãos o processo de emancipação financeira”.