Não há evidência de que o aleitamento seja eficaz como método contraceptivo. Órgãos de saúde esclarecem a questão
Atualmente surgem muitos mitos em relação à saúde, gerando confusão entre as pessoas. No entanto, quando o assunto tem a ver com o corpo feminino e seu funcionamento, o número de teorias pode ser ainda maior. Uma das mais recorrentes é a ideia de que mulheres que estão amamentando não são capazes de engravidar, um verdadeiro equívoco desmentido por profissionais da área de obstetrícia.
Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o leite materno oferece inúmeros benefícios para a saúde da mãe e do bebê, como boa nutrição dos recém-nascidos e também proteção contra doenças graves. No entanto, não há nenhuma informação que relacione a amamentação como um método contraceptivo.
Apesar disso, o mito ainda é difundido entre as lactantes e gera muitas gestações surpresas e indesejadas. O conhecimento sobre o assunto é essencial para que as mulheres estejam mais preparadas para cuidar da própria saúde e também da vida de seus bebês.
Amamentação previne gravidez?
Embora esse seja um assunto bastante comum nas rodas de conversa de mulheres, a amamentação não é um método capaz prevenir uma gravidez. O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), por exemplo, lançou uma nota em seu site, alertando profissionais da área da saúde e mulheres sobre essa questão.
Segundo a instituição, amamentar durante os seis primeiros meses após o parto não previne gravidez. O Cofen alerta que, embora nesse período a fertilidade da mulher seja reduzida, a prática é comprovadamente ineficaz.
Gravidez e amamentação
A falta de informação leva muitas mulheres a acreditarem nessa ideia e usá-la no dia a dia, o que resulta, na maioria das vezes, em uma nova gestação. Segundo algumas pesquisas, mães que encurtam o tempo entre uma gestação e outra podem ter complicações.
Um estudo divulgado na revista científica internacional JAMA Internal Medicine analisou cerca de 150 mil nascimentos no Canadá e constatou que gestações muito próximas podem aumentar a probabilidade de parto prematuro e, em alguns casos, a morte materna. Segundo a pesquisa, para evitar a incidência de riscos, o ideal é esperar de 12 a 18 meses após o parto para engravidar novamente.
Esse período engloba, inclusive, o tempo recomendado para a amamentação de um bebê. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), nos primeiros seis meses de vida, o aleitamento materno deve ser o único alimento da criança. Após esse período, os pais podem iniciar o desmame de forma gradual. O órgão salienta ainda que o leite pode ser utilizado até os 2 anos ou mais, devendo ser uma escolha única e exclusiva dos pais.
Lactantes que engravidam podem continuar amamentando?
Nesse cenário, surge ainda outra dúvida entre as mulheres: é possível amamentar o filho mais velho mesmo estando grávida? O desmane durante o novo ciclo gestacional de uma mulher é um ato muito comum, seja por pressão social, ideia cultural do país ou até mesmo por insegurança da mulher.
Segundo o TelessaúdeRS, um projeto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em parceria com o Ministério da Saúde, a gestação não é uma contraindicação para amamentação, mas é preciso que a mulher aumente o aporte calórico e de fluidos para que o período seja mais saudável para ela e para os bebês.
No entanto, o portal salienta que, em casos de gestações que se encaixam em fatores de risco, como prematuridade ou condições de insuficiência uteroplacentária, a indicação é que o aleitamento seja interrompido com cerca de 24 semanas de gestação. Isso porque, ainda de acordo com a Telessaúde, a sucção feita nas mamas estimula a contração uterina, movimento que vai ajudar a abrir o colo do útero e empurrar o bebê para o canal de nascimento.
Foto: Wendy Wei/Pexels
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