Autoderrota: a pior derrota

Publicado da edição 417 do Jornal do Sol

 

A história é repleta de pessoas que, não aceitando o sofrimento do povo, lutaram, através de propostas, reclamações e manifestações para tirar o poder dos inimigos da sociedade.

“Saia Pirro da Itália e trataremos de paz”

Pirro, rei da Macedônia, com diversos subterfúgios, conseguiu se apoderar de quase toda a Itália meridional. Temeroso em enfrentar diretamente o exército romano e conquistar Roma, fazia mil e uma propostas para alcançar o objetivo sem uso da força. O senado de Roma, porém, repetia ao povo e aos que apoiavam a vinda de Pirro, que não se deve tratar com o invasor que se encontra na própria casa. Roma tinha esta estratégia: não compactuar com os inimigos. Os tinha sempre fora do território.

O Brasil está ainda tratando com os inimigos: os corruptos

Quando a gente analisa as condições do nosso País, gosta de achar os motivos para “quase justificar” a vergonhosa disparidade social introduzida pelos invasores portugueses. Mesmo depois da libertação dos escravos, o fim do coronelismo, a chegada da democracia, ainda está enraizado o vício da submissão, a complacência com o corrupto que, na hora das eleições, doa algo para o eleitor, oculta a miséria, promete mudanças se for eleito. A mentira, nas eleições, se dá sobretudo pela complacência do povo, pela colaboração ingênua e ridícula que ainda se concede aos que se candidatam, ‘ficha suja’, mesmo com tradição de explorador, ele e/ou a família dele.

Fora os corruptos! Fora os corruptos!

A população conhece muito bem a história real dos candidatos, de onde vêm, quanto possuem, e quando eleitos, quantas mudanças conseguem nas posses, nas propriedades, na vida deles. Se ainda estiver gente com os “fichas sujas”, mesmo que “absolvida pela (in)justiça”, este País não vai ter solução. No lugar de correr atrás do ladrão sobretudo quando “escolhido”, patenteado com o voto, empossado, no lugar de “reagir depois”, é melhor prevenir, afastar definitivamente os corruptos e até os “aspirantes a corruptos”, e impedir que se apoderam do polpudo dinheiro já retirado do povo no fundo para as eleições, e façam da “câmara dos vereadores” a “casa do comercio deles”, a fonte de recursos pessoais.

Não vale mesmo acreditar nas promessas de campanha, nem nos projetos... Não se compactua com o inimigo. Pior, não se coloca para governar: é autoderrota! Ridículo e quase sempre inútil “com os vereadores” pior ainda tentar afastá-los depois de “eleitos”. Seria como tentar “pegar” a raposa, após ter convidada a tomar conta das ovelhas. Votar não pode ser considerado brincadeira, nem tampouco lucro de algo, mesmo que de ínfimo valor. Votar consciente é votar sabendo que o futuro depende do voto e, depois, da participação na gestão do município através dos conselhos municipais.

Cidadão que vota em corrupto se “autoderrota”. Votar em corrupto é jogar pérolas aos porcos e nem o Evangelho aprova isto. Nem atirem pérolas aos porcos; eles poderiam pisá-las com os pés e, virando-se despedaçar vocês”. Mt. 7:6.


Antônio Tamarri é professor de História e Teologia