Editorial edição 429

 

Mais uma reunião de pauta no Jornal do Sol, vira daqui, mexe dali e qual é o assunto que continua devorando o cenário? Covid-19. De uns tempos pra cá, esse tal Coronavírus domina as rodas de conversa, a economia, a saúde, as férias, o trabalho, o emprego, o desemprego, a ciência, a consciência das pessoas. E quando chegam as primeiras doses da vacina, trazendo a esperança em conta-gotas, é justamente aí que a pandemia apresenta sua pior face, mais agressiva e assustadora que nunca.

Os altos índices de contaminação na Bahia (que não fica atrás de outros estados do Brasil), com mais de 13 mil mortes, picos de mais de uma centena de óbitos por dia, e taxas de ocupação de leitos de UTI beirando os 100%, levaram o governador Rui Costa a tomar medidas radicais para tentar segurar as pessoas em casa. As novas regras são contestadas por boa parte da população, que não acredita no lockdown como a melhor forma de conter o avanço da doença.

As vozes estridentes dos insatisfeitos ecoaram até os ouvidos do chefe do Executivo Municipal, que flexibilizou algumas decisões, sobretudo aquelas relacionadas ao horário de funcionamento do comércio. O Estado bateu o pé, colocou a polícia no encalço daqueles que insistiram em não cumprir os decretos e estava instalada a mixórdia. Turistas foram pegos de surpresa, sem informações prévias, nem póstumas acerca do funcionamento de lojas, hotéis, praias, bares, restaurantes, enfim, da rede de serviços oferecidos aos visitantes. E as informações se desencontraram.

Enquanto isso, aquela esperança depositada na tão esperada chegada da vacina foi arrefecendo. Em todo o Brasil e também em Porto Seguro, menos de 5% da população conseguiu ser imunizada. Entraves como as distâncias entre povoados, distritos, aldeias indígenas e zona rural; estatísticas defasadas, que não retratam a realidade da cidade e da população; falta de planejamento; falta de comunicação e outras barreiras impedem a chegada do alívio e do consolo para quem mais precisa.

Enquanto os incompetentes se enfrentam usando armas indecorosas da política, a população segue encalacrada em dívidas, medos e incertezas sobre o dia de amanhã. Que apesar de tudo, haverá de ser outro dia.


Publicado na edição 429 do Jornal do Sol

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