Editorial edição 418

A pandemia do novo coronavírus vem gerando uma crise sem precedentes na história de Porto Seguro. Não tem greve de caminhoneiros, óleo nas praias ou conjunturas econômicas que se assemelhem a esse momento nebuloso que a cidade atravessa. Um cenário que ficou ainda mais denso após a comprovação de três casos da doença em Trancoso, com seu charmoso cosmopolitismo. E não existe atividade econômica mais sensível a esse tipo de ocorrência, como o turismo. As conseqüências já começam a se desenhar, trazendo pânico e desalento entre um setor que gira a roda da economia na Costa do Descobrimento.

E a cada momento a situação parece se agravar, a uma velocidade assustadora, prenunciando, sem alarmismos, dias piores em um futuro bem próximo. Nos hotéis, onde em dia o dono dizia que para ela nada havia mudado, no outro, esse mesmo empresário não escondia a preocupação com a quedas nas vendas, e, pior, com as solicitações de cancelamentos de reservas já efetuadas. Na Decolar, uma das agências de viagens online mais poderosas do segmento, a decisão é de não comercializar viagens dentro dos próximos 45 dias.

Companhias aéreas cancelando voos; o governador da Bahia proibindo viagens rodoviárias e recomendando à ANAC a suspensão também de pousos e decolagens da Bahia para destinos onde há registros da doença; bares, restaurantes e demais empreendimentos turísticos fechando as portas por tempo indeterminado; serviços públicos limitando ou cancelando atendimentos; escolas sem aulas; prestadores de serviço vendo seus clientes e pacientes minguarem.

E olha que, dizem os especialistas, o pior ainda está por vir. Deus queira que não. Que não se repita aqui a situação estarrecedora que atinge países como a Itália, Espanha e França, onde a situação é de desespero e muita dor. No Brasil e em Porto Seguro não há mesmo motivos para alarmismo. Mas é preciso encarar de frente a gravidade dessa ameaça que se avizinha, para que não se repita aqui a comoção que atinge diversos países da Europa e também dos Estados Unidos, justamente por negligenciarem a magnitude de uma doença, que se apresenta como uma “simples gripe”.

Ninguém agüenta mais ouvir falar em cononavírus, COVID-19 e todas as implicações dessa moléstia maldita. Mas ninguém consegue falar em outro assunto, ao vivo, pelo celular ou através das redes sociais, porque o fantasma se agiganta e ameaça fazer mais vítimas, se uma palavra não for compreendida e exercitada ao pé da letra: prevenção. Sem egoísmo, com espírito de coletividade e sem querer se aproveitar de um grave momento de vulnerabilidade para obter mais lucros, aparecer na internet ou tirar vantagens de qualquer espécie. O momento é de sacrificar a economia para preservar vidas.