Atlas atualiza situação do desmatamento da Mata Atlântica

Foi lançado no Dia Nacional da Mata Atlântica, 27/05, o Atlas 2020, estudo realizado desde 1989 pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), vinculado ao Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação. O levantamento é realizado por meio de imagens de satélite e tecnologias na área da informação, do sensoriamento remoto e do geoprocessamento.

É possível determinar a distribuição espacial dos remanescentes florestais e de ecossistemas associados da Mata Atlântica; monitorar as alterações da cobertura vegetal e gerar informações permanentemente aprimoradas e atualizadas desse bioma. A execução técnica do Atlas ficou a cargo da Arcplan.

No total, foram desflorestados, entre 2019 e 2020, 13.053 hectares (130 Km²) da Mata Atlântica no período - dado que, apesar de 9% menor que o levantado em 2018-2019 (14.375 hectares), representa um crescimento de 14% em relação a 2017-2018 (11.399 hectares), quando se atingiu o menor valor da série histórica. Chama a atenção o aumento do desflorestamento em São Paulo e no Espírito Santo, que ultrapassa 400%.

A Bahia continua entre os três estados que mais desmataram, embora o índice tenha tipo uma ligeira redução, de 3.532 para 3.230 hectares. Minas continua no topo do ranking, com 4.972 hectares. Oito estados aparecem na condição próxima ao desmatamento zero -  menor de 100 hectares. Alagoas, Ceará, Goiás, Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte. Desde 2017, o Piauí foi o estado que mais reduziu o índice de desmatamento: de 2.100 hectares para 372 hectares.

Além de zerar o desmatamento, Atlas da Mata Atlântica aponta a necessidade de que a restauração do bioma se torne uma prioridade na agenda ambiental e climática. E que a manutenção do alto patamar de perda da vegetação nativa, com o crescimento do desmatamento em diversos estados, ameaça intensamente o bioma e reforça a necessidade de ações de preservação e restauração florestal.

“Mesmo que tenhamos uma diminuição de 9% do desmatamento em relação a 2018-2019, ali o aumento havia sido de 30%, então não podemos falar em tendência de queda”, explica Luís Fernando Guedes Pinto, diretor de Conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica. “Além disso, no que se refere à Mata Atlântica, 13 mil hectares é muito, porque se trata de uma área onde qualquer perda impacta imensamente a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos, como regulação do clima e disponibilidade e qualidade da água”, afirma.

Segundo ele, a grande preocupação é ver estados que já estiveram muito próximos de zerar o desflorestamento voltando a mostrar aumentos expressivos. “São Paulo e Espírito Santo são os maiores exemplos disso”. Para Luís Fernando, o principal problema é a falta de fiscalização. “Os governos precisam fazer valer a Lei da Mata Atlântica, que não permite a conversão de áreas florestais avançadas, e garantir o desmatamento ilegal zero por meio do combate às derrubadas não autorizadas”.

Hoje a Mata Atlântica mantém apenas 12,4% de sua vegetação original – que se distribui por mais de 1,3 milhão de quilômetros quadrados (três vezes a área da Suécia). Além de a proporção estar muito abaixo do limite mínimo aceitável para sua conservação, que é, segundo estudo da revista Science, de 30%, as florestas naturais encontram-se restritas a espaços extremamente fragmentados (a maior parte não chega a 50 hectares) e, em 80% dos casos, encontram-se em propriedades privadas.

Leia o relatório completo do Atlas da Mata Atlântica 2019-2020

Todos os dados também estão disponíveis no aplicativo Aqui tem Mata, com mapas interativos e gráficos que trazem a informação atualizada sobre o desmatamento e o estado de conservação de florestas, mangues e restingas nos 3.429 municípios da Mata Atlântica.


Fonte: Pensata Comunicação & Cultura (João Veiga) - Foto: Germano Woehl Jr. (Instituto Rã-bugio)

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