Comunidade denuncia desmatamento em Caraíva

ATUALIZADA ÀS 18H45

O Conselho Comunitário e Ambiental de Caraíva (CCAC) e Associação dos Nativos de Caraíva (ANAC), denunciaram ao Ministério Público crimes ambientais na Área de Proteção Ambiental Caraíva-Trancoso. O teor da denúncia se refere a supostas obras de desmatamento e supressão de vegetação em remanescentes de Mata Atlântica, terraplenagem na encosta, corte na falésia, construção de estradas e instalação de postes de energia de 12 metros de altura. Segundo as ONGs, a Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (CIPPA) esteve na casa do ator Marcelo Faria, em Caraíva, para notificá-lo do embargo das obras ilegais. “A comunidade de Caraíva pede agora a recuperação das áreas degradadas.”

De acordo com a analista ambiental Rosângela de Assis Nicolau, chefe da Reserva Extrativista Marinha do Corumbau - unidade do ICMbio responsável pela área, algumas pessoas informaram sobre obras irregulares na casa do ator, “inclusive com a retirada de vegetação de área de preservação permanente. Como não temos jurisdição para atuar ali, a competência seria municipal, então instruí os nativos a fazerem denúncia à Secretaria de Meio Ambiente de Porto Seguro. Se não resolvessem, encaminharem o caso ao Ministério Público”. Segundo ela, o ICMBio não chegou a embargar a obra, já que os fiscais não teriam encontrado os responsáveis no local.

O chefe do setor de fiscalização da Secretaria de Meio Ambiente, Macxuel Campeche, informou que os fiscais estiveram no local e identificaram o responsável, que se apresentou como Pedro. “Estamos agora fazendo o levantamento da área, para tomarmos as medidas cabíveis”. O Jornal do Sol apurou que existe um processo que envolve cerca de oito proprietários da área.

De acordo com a chefe da Resex Corumbau, o órgão recebeu também uma série de denúncias sobre um píer ampliado para dentro do rio Caraíva, com a proibição de uso pelos nativos. “É crime ambiental aquilo ali, sem autorização, e pior ainda é a sua ampliação e proibição do uso coletivo. Já estive lá diversas vezes e nunca encontro ninguém. Tivemos uma operação de fiscalização aqui na Resex, no final de março, e os fiscais também não tiveram sucesso em encontrar alguém para fazer a autuação. Estamos buscando uma forma de fazê-lo, talvez pelo Diário Oficial”, salienta.

Prestes a concluir a faculdade de Biologia, Túlio Braz, membro do Conselho Comunitário e Ambiental de Caraíva, afirma que obra tem grande impacto não somente para Caraíva, mas para o cenário mundial, “pois a extinção de espécies endêmicas, que são encontradas somente aqui, é muito grande”. Segundo ele, a situação é bastante grave para Caraíva, “pois se permitirmos mais uma obra como essa, significa que aqui não tem regras. Qualquer um pode chegar e fazer o que quiser. E não é um caso isolado, na entrada de Nova Caraíva, uma área imensa está sendo devastada e não sabemos qual é o intuito desse desmatamento”, enfatiza.

Segundo Túlio, outra consequência é o sumiço das abelhas. “Árvores frutíferas como os cajueiros, abrigavam muitas abelhas, agora a gente não vê mais a mesma quantidade de caju. Ao invés de preservar as árvores locais, as pessoas estão cortando para construir casas, estão acabando com a nossa biodiversidade e isso é grave”, resume.

O Jornal do Sol buscou contato com o ator mas ainda não tivemos retorno. Estamos à disposição.


Fotos enviadas pelo Conselho Comunitário e Ambiental de Caraíva (CCAC) e Associação dos Nativos de Caraíva (ANAC)

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