Em duas décadas, Bahia teve o maior crescimento de área agrícola do Nordeste

As informações constam do Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra, realizado pelo IBGE desde o ano 2000, com base na interpretação de imagens de satélite, levantamentos de campo e consultas a fontes de informação complementares

A partir de 2010, ele passou a ser atualizado a cada dois anos. Em 2020, pela primeira vez, há informações desagregadas para cada unidade da Federação. A expansão da fronteira agrícola, sobretudo no Oeste da Bahia, foi o processo que mais modificou o uso e cobertura da terra no estado, nos últimos 18 anos.

Entre 2000 e 2018, o território baiano destinado à agricultura cresceu 87,4%, passando de 16.808 para 31.490 km². Isso representou um acréscimo de 14.682 km² de área agrícola no período, o 6o aumento absoluto entre os 27 estados e o maior do Nordeste. Mesmo em termos relativos, o crescimento da área agrícola na Bahia (87,4%) ficou entre os dez maiores do país, em nono lugar.

Nesse “top-10” de crescimento percentual na área ocupada por agricultura estão os estados que, ao lado da Bahia, formam o Matopiba. A região é atualmente uma das principais fronteiras agrícola do Brasil e também engloba partes do território do Maranhão (crescimento de 185,8% na área destinada à agricultura entre 2000 e 2018, mais 8.300 km²), Tocantins (crescimento de 371,6% ou +10.958 km²) e Piauí (crescimento de 264,0% ou +8.740 km²).

Em termos absolutos, os maiores incrementos de área agrícola, entre 2000 e 2018, ocorreram em Mato Grosso (+50.616 km²), São Paulo (+22.290 km²) e Goiás (+19.619 km²). No outro extremo, Amazonas (-97 km²), Acre (-23 km²) e Rio de Janeiro (-23 km²) tiveram reduções na porção de seu território dedicada a essa atividade econômica.

Apesar do importante avanço da fronteira agrícola, a Bahia tinha, em 2018, só 5,6% dos seus 564.723 km² ocupados pela agricultura (eram 3,0% em 2000). Era apenas a 12ª participação entre os 27 estados, num ranking liderado por São Paulo (40,8% do território ocupado pela agricultura), Paraná (35,9%) e Rio Grande do Sul (34,3%).

O segundo tipo de uso do solo que mais se expandiu na Bahia, entre 2000 e 2018 foi a pastagem com manejo. A área ocupada por essa atividade passou de 48.820 para 55.450 km², num crescimento de 13,6%, que representou mais 6.630 km² ocupados por pastagens no estado, em 18 anos. As áreas de pastagem com manejo ocupavam, em 2018, parte mais expressiva do território baiano do que a dedicada à agricultura, 9,8% do total, com presença mais intensa no Centro-Norte e na porção Sul do estado.

Expansão agrícola foi principal fator que levou BA a perder 29,4 mil km2 de vegetação nativa em 18 anos, 5a maior redução absoluta do país O aumento da área territorial dedicada à agricultura, na Bahia, foi a principal causa da supressão de vegetação nativa, entre 2000 e 2018.

Nesses 18 anos, o estado viu sua área de vegetação nativa - formada por florestas e vegetações campestres, como o cerrado e a caatinga - encolher de 325.133 km² para 295.724 km². Foi a 5a maior retração absoluta do país e a maior do Nordeste.

Ela foi mais fortemente concentrada na vegetação campestre, cuja área diminuiu de 215.247 km² para 194.062 km² (menos 21.185 km²), sobretudo nas regiões de cerrado, no Oeste do estado, ocupadas pela agricultura. A área de florestas, por sua vez, se reduziu de 109.886 para 101.662 km², entre 2000 e 2018, o que representou perda de 8.224 km² dessa cobertura vegetal.

Nesse caso, a mudança se deu, sobretudo, pelo avanço das pastagens e de formas de uso mistas, chamadas de mosaicos, nas quais não se consegue identificar qual é a dominante.

Entre 2000 e 2018, os estados que mais perderam área de vegetação nativa, em termos absolutos, foram Pará (menos 118,3 mil km²), Mato Grosso (-93.906 km²) e Rondônia (-38.532 km²). Em termos relativos, a Bahia perdeu quase 1 de cada 10 km² de vegetação nativa em 18 anos, uma queda percentual de 9,0%, sendo -7,5% na área de florestas e -9,8% no território coberto por vegetação campestre. Devido à extensão do estado, a redução percentual não se destaca tanto quanto a absoluta, ficando apenas como a 14a entre as 27 unidades da Federação.

Em 2018, pouco mais da metade da Bahia (52,4%) era coberta por vegetação nativa, percentual que chegava mais próximo de 60,0% no ano 2000 (era de 57,6%). A proporção de território com vegetação nativa na Bahia, em 2018, era apenas a 14a entre as 27 unidades da Federação. Amazonas (95,3% da área coberta por vegetação nativa), Amapá (94,7%) e Roraima (90,1%) lideravam o ranking, enquanto Espírito Santo (11,1%), São Paulo (12,4%) e Paraná (12,9%) tinham as menores percentagens.

Em 2018, a vegetação campestre era a classe de cobertura e uso da terra que predominava na Bahia, ocupando pouco mais de 1/3 do território do estado (34,4%). Em seguida vinham, bem próximos, os mosaicos de ocupações em áreas florestais (19,4%) e a vegetação florestal (18,0%).

O gráfico e o mapa a seguir mostram a distribuição das classes de cobertura e uso da terra no estado.


Fonte: IBGE