Editorial edição 401

É incrível como a burocracia e a falta de planejamento emperram o funcionamento da máquina pública no Brasil, em todas as esferas de poder. Aguardadas com muito ansiedade pela população, as obras de asfaltamento da estrada da balsa, em Arraial d´Ajuda, demoraram muito mais que o prazo previsto para serem iniciadas, e quando começaram, acabaram gerando mais transtornos ainda para moradores e turistas.

Para realizar as intervenções, a prefeitura desviou o trânsito para as ruas paralelas. Entretanto, esqueceu-se de sinalizar adequadamente e principalmente, não atentou para o detalhe de que essas vias alternativas poderiam não estar preparadas para receber o grande fluxo de carros, motos, vans, ônibus e caminhões que utilizam diariamente a única via de acesso para o Arraial d´Ajuda.

O resultado não poderia ser mais desastroso. Veículos atolados no terreno arenoso, engarrafamentos e até gente descendo dos coletivos sem ter como seguir viagem até o distrito. Houve caso de mãe com criança doente, à espera de um socorro para conseguir chegar até o posto de saúde mais próximo. Ou seja, um verdadeiro caos, que poderia ter sido evitado com um mínimo de planejamento e preparação das vias que receberiam o grande movimento de veículos.

Aliás, o caos no trânsito não é novidade para quem circula, de carro ou a pé, pelas ruas de Porto Seguro e Arraial d´Ajuda. A aproximação de mais uma temporada de Verão já é prenúncio do caos que se avizinha. Em Arraial d´Ajuda, que dispõe de uma área gigantesca no Parque Central, capaz de abrigar centenas de veículos, incluindo ônibus e caminhões, o poder público não tem se  mostrado capaz de botar ordem na casa, tomando medidas que incluam a preparação do espaço, o estabelecimento dos valores e   normas de estacionamento e a devida divulgação de um sistema que poderia se mostrar muito eficiente  no sentido de desafogar as estreitas ruas do lugarejo.

Em Porto Seguro, há quase 30 anos se discute a necessidade de retirar o trânsito pesado das ruas centrais – incluindo áreas tombadas pelo patrimônio histórico, e de proibir o estacionamento ao lado das praias, sem que o poder público tenha conseguido colocar essa medida em prática. Recentemente, o Executivo Municipal aprovou a implantação do Estacionamento Zona Azul, que autoriza explorar diretamente ou sob regime de concessão, o serviço público de estacionamento, com a cobrança de tarifa.

Apesar de já estar vigorando, a lei ainda não saiu do papel. Resta saber se algum dia ela será colocada em prática. E ainda, se virá como uma solução efetiva ou como mais uma fonte de recursos para o município, sem o devido retorno em serviços para o cidadão.