Empresas encontram dificuldade para contratar pessoas com deficiência

Em Porto Seguro, empresas se queixam da dificuldade de contratar pessoas com deficiência para trabalhar. Segundo Alice Mendes, coordenadora de Marketing da rede de Supermercados Cambuí, mesmo com anúncio de vagas em diversos meios, como encartes e redes sociais, é difícil encontrar interessados em ocupá-las.

A Lei nº 8.213/91 determina a obrigatoriedade de as empresas contratarem uma cota de pessoas com deficiência para o seu quadro de pessoal, estabelecendo percentuais de acordo com o número de empregados. Empresas com até 200 funcionários devem ter em sua relação de funcionários 2%, ou seja, quatro beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência. De 201 a 500 funcionários, 3%; de 501 a 1000, 4% e a partir de 1001, 5%.

A questão é que, ao ingressarem no trabalho com carteira assinada, os beneficiários perdem o direito de receber o Benefício de Proteção Continuada (BPC), no valor de um salário mínimo. “É um risco muito grande para a pessoa com deficiência, porque ela perde o benefício e pode não se adaptar às condições de trabalho, que tem uma rotina puxada, inclusive aos sábados e domingos”, afirmou Alice. A rede tem 500 funcionários e 15 deles são pessoas com deficiência.

Empresas que não cumprirem a Lei de Cotas estão sujeitas a multa que vai de R$ 2.331,32 até R$ 231.130,50, por pessoa com deficiência não contratada. “Não existe uma colaboração do governo. A pessoa com deficiência deveria ter dois salários, um da empresa e o benefício. Ela já lida com muitas dificuldades. A empresa é obrigada a contratar e já fomos multados quando não conseguimos. Tivemos que entrar com recurso provando que publicamos e fizemos entrevistas.”

Mudança na Lei

De acordo com Luciene Oliveira, presidente da Fábrica do Ser, associação de apoio a pessoas com deficiência em Porto Seguro, uma possível mudança na lei que trata do assunto já está em tramitação na Câmara dos Deputados.  A proposta é que, mesmo empregadas com carteira assinada, as pessoas com deficiência recebam um complemento para sua renda. Ainda não há previsão de aprovação.

Professora em Educação Especial, Luciene afirma que este público deve ser visto com um olhar mais cuidadoso: “hoje, as pessoas com deficiência estão na escola, por exemplo, apenas por preocupação de inclusão social. Mas elas são capazes de fazer mais, precisam ser estimuladas. O educador precisa conhecer as limitações para trabalhar com elas e buscar resultados de forma significativa”.

A presidente da associação vê a oportunidade de trabalho como boa para a autoestima, mas aponta alguns fatores que interferem negativamente na hora de optar pelo emprego: a falta de transporte público que atenda de fato e as barreiras arquitetônicas e sociais encontradas nas empresas, como ausência de rampas e a impossibilidade de comunicação por Libras no ambiente de trabalho.